>>> Domingo a noite, Fernanda Montenegro lotado tendo que recorrer a ajuda de cadeiras extras para comportar a massa palmense durante apresentação do comediante Rafinha Bastos/CQC. O negócio, é que pelo menos na sessão que eu fui, estavam presentes em sua maioria pessoas que vão ao teatro apenas em duas ocasiões: Quando o ator que está se apresentando é famoso, ou quando a atriz que está se apresentando é famosa. Normalmente, quando os textos são fácies de entender até nem falo nada, afinal o mundo é livre, você gasta seu dinheiro como e onde quiser. Mas espetáculos do tipo ‘stand up’ necessitam de um conhecimento prévio sobre determinados assuntos. Fiz questão de decorar uma parte em especial de uma das piadas contadas pelo ator em sua passagem por aqui só pra exemplificar . Não lembro como era o contexto todo, mas na piada ele imitava a ‘voz’ do Chewbacca. Sabe aquele que é o co-piloto da nave Millenium Falcon (liderada por Han Solo), alienígena da raça Wookie nos filmes da série de ficção científica Star Wars dirigida por George Lucas? Não? Você está se perguntando, o que eu estou falando? Alien, George Lucas, caralho de Star Wars? Se você não faz a mínima ideia do que estou falando, se é daqueles que não tem conhecimento geral da cultura pop ou dos acontecimentos mundiais, história e por aí vai, nem se dê ou trabalho de sair de casa pra ver nenhuma peça de ‘stand up’ que estrear nessa cidade. Agora se você saca essa conversa, faz o seguinte, dá próxima vez que aparecer por lá, me chama que a gente marca de sair pra tomar uma tequila. É nóis.
>>> Momento vergonha alheia total. Dia desses tava assistindo a TV e me deparei em um dos jornais locais com uma coisa tão ridícula que quero esquecer assim que terminar de escrever essa nota. Só estou contando aqui porque precisava compartilhar com meus leitores essa informação, para alertá-los das controvérsias da televisão. Acho um absurdo colocar alguém que não sabe nada de nada de nada pra ir pra rua fazer matéria e falar de arte. Meu, só pra fazer figuração? Passo mal com isso, porque o que não falta é gente competente no mercado e gabaritada pra fazer o trabalho. Mas não, preferem chegar lá e colocar um sem noção, pra falar um monte de coisa que provavelmente o fulano nem faz ideia do que se trata. Enquanto tem neguinho aí que entende tudo de tudo de arte, cultura, música, pintura, dança, teatro, arquitetura, gastronomia e ainda faz conta de cabeça. Papelão demais mano.
>>> Pra finalizar a coluna dessa semana quero fazer um desabafo pessoal, um momento sessão descarrego e chutação de balde. Falta total de profissionalismo é a maneira como alguns, e infelizmente a maioria dos produtores culturais tratam parte da imprensa no Tocantins. Favorização, privilégio de informação para esse ou aquele veículo é over demais. Ter que ouvir de ‘produtor’ que esse ou aquele jornal são mais importantes não é só falta de respeito, é falta de competência. Não preciso e nunca precisarei me humilhar para conseguir entrar em um evento para fazer uma cobertura. Sou filha de um músico, que é fotógrafo e tb roteirista. Cresci em um ambiente de efervescência cultural. Fiz 10 anos de dança, três de teatro e aos cinco anos vi meu primeiro filme do Akira Kurosawa, sei o que faço. Quando vou escrever uma matéria sei exatamente do que estou falando, caso contrário nem me atrevo a fazê-la.. Para exemplificar, quando fui fazer a capa sobre o show do Caetano Veloso li diversas entrevistas do cantor, ouvi toda a sua discografia, vi vídeos de apresentações ao vivo, num esforço tremendo para além de fazer uma excelente reportagem, sair do senso comum e não me ater ao release. Sou uma jornalista séria, amo o que faço e já cansei de ir a coletivas e ver o entrevistado dizer que ia esperar repórter de um determinado veículo pra começar a pauta. E sinceramente? Não vale a pena, pq o resultado desses que conseguem suas exclusivas não é tão bom assim. Não falo aqui apenas da falta de noção dos produtores do show de Caetano, também, mas infelizmente da maioria das pessoas que realiza esse trabalho por aqui. Sei que nesse espaço só posso falar por mim, assim como também sei que essa situação não acontece apenas comigo. Entendo que moramos em um Estado novo, longe dos grandes centros, mas acredito que já tá na hora das pessoas pararem de agir feito caipiras idiotas e começar a trabalhar de verdade, sem amadorismo, com profissionalismo e competência, feito gente grande. Agradecida. Cecília Santos.