sábado, 27 de novembro de 2010

16° Goiânia Noise Festival: Saiba como foi





Antes de tudo vale um aviso: Sei que já se passou uma semana, mas tenho milhões de motivos - que não cabe comentar aqui, pro meu atraso nesse post sobre o 16° Goiânia Noise Festival.

O bom desse distanciamento temporal é que posso escrever tudo claramente deixando um pouco de lado as emoções condizentes com um evento como é o Noise.

Pra começar, é importante dizer também que esta foi a terceira vez que resolvi deixar Palmas (TO) pra ir cobrir o Goiânia Noise Festival, e pela terceira vez digo que o evento FOI FODA PRA CARALHO.

O Noise começou na verdade no dia 13 de novembro, agregando a programação do Brasil Central Music com palestras, painéis, workshops, e ainda o mini-festival Release, que teve show do Some Community - que eu perdi, de novo. Oh Deus.

Contando tudo foram mais de 100 shows nesta 16° edição. Goiânia Noise só crescendo, crescendo. Um dia, prometo que vou pra cidade e participo de toda a programação do evento. Mas por enquanto...

... eu só posso falar mesmo é dos shows que assisti. Fiquei na terra do pequi de sexta a domingo e curti os três dias de festival que aconteceu no Centro Cultural Martim Cererê e encerrando com o show 'Futurível' do Gilberto Gil e Macaco Bong no campus da UFG.

Começando...

Na sexta, 19, depois de uma viagem curtinha, pulseirinhas na mão, parti pro Cererê. Os shows começaram às 19h em ponto, porque como sempre, atraso no Noise nunca acontece. Se você quiser assistir as apresentações CHEGUE NO HORÁRIO! É uma das dicas mais preciosas que eu posso te dar depois de três anos cobrindo a parada.

Dentro do primeiro dia, a programação contava com 14 shows. O foco da noite, (quer dizer, do FESTIVAL, pra mim) foi o show do El Mato a un Policia Motorizado da Argentina.

Sou muito fã do trabalho dos hermanos e depois de assistir um monte de banda argentina no Noise, faltava só o El Mato, que na minha opinião é com certeza a melhor de todas. Como bem disse o próprio Fabrício Nobre (Monstro Discos, produtor do Noise, vocal do MQN, peça chave na história do independente nacional) 'agora o Noise se orgulha de dizer que já trouxe todas as boas bandas da Argentina'.

Existem muitos motivos pra eu amar essa banda. As letras curtinhas e excelentes todas cantadas em castelhano que contam a vida na cidade quadrada, os riffs de guitarra que flertam com milhões de influências, os barulhinhos no final das canções e por aí vai...

Daí minha ansiedade pra ver os caras ao vivo. Os hermanos não faziam ideia da responsabilidade, mas a verdade é que o El Mato foi a razão de eu ter topado a viagem pra cobrir o Noise, não podia perder o show de uma das minhas bandas favoritas tocando bem no quintal de casa.

Aqui vai um adendo, pra me entender, primeiro é preciso saber que eu tenho essa coisa, essa loucurinha, de só amar uma banda completamente depois de vê-la tocando ao vivo, é como se fosse uma prova dos nove pra mim. Nesse meu critério musical maluco, digo que o El Mato passou com louvor.

O repertório passeou pelos três discos da banda. 'Chica Rutera, 'Mi Proximo Movimiento' e 'Vienen Bajando' (lágrimas nesse momento) foi lindo de ouvir ao vivo. O mega hit 'Amigo Piedra' teve até participação do Fabrício Nobre cantando junto no palco dividindo microfone com o vocalista. Emocionante.

O show curtinho, infelizmente, porque no Noise tudo tem horário pra começar e terminar, superou qualquer expectativa que eu pudesse ter. Talvez porque tinha recebido alertas de que a banda ao vivo não causava emoção, digo que o El Mato conquistou meu coração.

A introspecção da banda no palco, a empolgação comedida do vocalista gordinho simpático, a dedicação viajada do tecladista. Foi lindo. LINDO. LINDO.

Encontrei com os caras no segundo dia de festival e eles já me contaram que vão tocar no El Mapa de Todos que acontece no ano que vem em Porto Alegre. Pra quem não conhece, o festival é organizado pelo Fernando Rosa, do Senhor F e pelo que me disseram os caras do El Mato vai rolar em março de 2011. EU QUERO MUITO IR!

Sem palavras, resolvi que antes de encarar outro show era melhor dar uma volta pelo Cererê pra dar aquela conferida. No rolê cncontrei o Ney Hugo, baixista do Macaco Bong que eu já conhecia de Palmas e batemos aquele papo gostoso.

O Ney deu pistas de como ia ser o show com o Gilberto Gil, que rolaria no domingo. Falou sobre os pré-arranjos que a banda tinha feito das músicas do baiano, da receptividade dele ao som dos Bongs e do quanto o Gil era gente como a gente. Tem videozinho, depois eu posto pra vocês.

Viv Albertine

A próxima na lista 'O que quero ver no Noise' era a linda, inglesa e amiga dos caras do The Clash, a guitarrista Viv Albertine que subiu no palco do Goiânia Noise pra esbanjar talento e simpatia.

Ela que já tocou na famosa banda de punk da Inglaterra, The Slits, composta só por mulheres formada em 1976 e provou pra todo mundo que o Faça Você Mesmo tá bem aí, vivinho, vivinho.

Sozinha, a moça empunhou uma guitarra e fez um show super divertido mostrando ocasionalmente pro público cartazes com o título de suas músicas em português como ‘Eu não Acredito no Amor’, 'Ele nunca goza', ou mensagens como ‘Eu sou uma coroa gostosa’.

Punk rock em primeira pessoa e sem mais delongas.

Rolou até uma entrevistinha com ela, que posto mais pra frente.

WALVERDES

Do Sul, os caras dos Walverdes, uma das bandas mais antigas da cena do rock nacional independente que no ano passado também tocaram no Noise e dividiram o palco com o MQN de Fabrício Nobre, vieram por si só, mas nem por isso decepcionaram.

Ao contrário, os caras que tocam desde 1993 mandaram muito mesclando um repertório que foi desde os clássicos como 'Seja Mais Certo', até as músicas do novo trabalho o disco Break Dance. Quer definir o Walverdes nada melhor do que dizer, PUTA BANDA DE ROCK'N'ROLL.

BLACK DRAWING CHALKS

Super bem ensaiados os queridinhos de Goiânia, Black Drawing Chalks mostraram ao vivo porque são considerados umas das melhores bandas de rock nacional e porque são escalados para 99% dos festivais que rolam pelo País e porque já tocaram nos mesmos pelo menos umas duas vezes. O som justifica qualquer coisa e desmistifica qualquer dúvida que você levante sobre a banda.

O negócio com o BDC é o seguinte: toda vez que vejo um show dos caras eu penso 'esse será o melhor show do BDC que verei na vida'. Daí chega a próxima apresentação e eu fico 'PQP, ESSE FOI O MELHOR SHOW DO BDC QUE JÁ VI NA VIDA'. E por aí vai. Os caras só ficam MELHORES A CADA APRESENTAÇÃO! ISSO É POSSÍVEL!

Acho que os caras deviam andar com um adesivo na camisa tipo 'Só fico melhor a cada dia. Pergunte-me como'.

Na hora do super hit 'My Favorite Way', o Black Drawing elevou a temperatura no Martim Cererê pro infinito levando o público de Goiânia pras alturas. É excelente, mas sempre vale a pena ver de novo.



Otto e a razão de ser nordestino roqueiro

Pra fechar a noite, bem, pelo menos a minha porque eu não tive condições algumas de ver o show dos metaleiros do Krisiun, corri pra ver o show do pernambucano Otto.

Comigo é aquela coisa, se é mistura com MPB eu fico com o pé atrás. Dou a chance, porque isso pelo menos eu devo fazer, mas sempre fico na dúvida. Será?

Então vem o Otto que continua me provando porque eu devo dar chances a misturas e justificando através da música porque eu devo dar crédito pra qualquer artista que venha de pernambuco. A água daquele lugar é batizada.

O cara que já tocou no Nação Zumbi e com o Mundo Livre S/A fez um show que botou a baixo qualquer resquício de convicção xiita da minha pessoa. Apresentação fervida que colocou o público do teatro Ygua em êxtase.

Várias músicas foram cantadas em coro por quem se espremia, sim, porque estava muito cheio, pra ver a performance pra lá de fantástica do nordestino.

Pra uma novata no som do cara, sai de lá fechando a noite maravilhada com o show do Otto. O cara é sinônimo da palavra performático. Com o calor do teatro subindo, Otto revezava entre tirar a camiseta, colocar a camiseta de volta, dançar sensual, requebrar, tocar tambor, conversar com a galera, seduzir o público com suas músicas, e tudo isso com uma puta cara de felicidade.

- 'Eu reconheço meu público quando o vejo. E esse é o meu público'. E público corajoso, diga-se de passagem, porque além de lotado, sem espaço para se movimentar, a temperatura do lugar devia estar marcando uns 1000°. Mistura que fez um show previsto pra durar 50 minutos bater na casa de uma hora e meia e contando.

Morta, acabada, destruída, suada eu sai de lá gritando: Quero esse homem tocando em Palmas AMANHÃ!

Goiânia Noise acertou em cheio quando convidou o cara pra somar no line-up. Corri pra baixar todo o trabalho do homem. Sugiro que você faça a mesma coisa.

O resultado do primeiro dia foi que uns mil vídeos gravados (todos que serão devidamente postados posteriormente), um bocado de shows excelentes assistidos e um tico de energia pro sábado.

Sábado esse que já conto pra vocês como foi. Guentaê.

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